19 de dez. de 2013

A transformação da infância em mercadoria


Sem a brincadeira da quitandinha com o dinheiro de folhas de árvores, as crianças entram no universo do consumo tão cedo quanto os pais decidem dá-las uma mesada.
Valores comerciais são ensinados para as crianças cada vez mais cedo. Começando aos 4 anos, atualmente.

Se considerarmos o sistema de punição brasileiro aos infratores, um pai que penaliza os filhos pelos erros reduzindo parte da mesada está certo. Mas aí entra a questão de que a melhor forma de se corrigir um problema na  infância, é ensinando e não limitando, como é apresentado no artigo de opinião que trata um pouco sobre a cadeia do desenvolvimento.
O caso do pai que reduzia a mesada dos filhos como forma de punição, correu internet e se resume da seguinte maneira: Vitor Yamada e Suen Copiak decidiram criar uma planilha que determina descontos na mesada, de 50 reais, dos seus filhos de 6 e 8 anos.  A cada infração cometida, retiradas de 25 centavos à 3 reais poderiam ser subtraídas do valor no final do mês. Esse tipo de tratamento da infância faz parte de uma psicologia behaviorista que acredita na teoria do estímulo e resposta. O que faz tudo isso não dar certo, como forma de educação, é o fato de a teoria não levar o sujeito em consideração.
Vale ressaltar que é interessante os pais verem a necessidade de transmitir valores com a mesada. A educação financeira infantil é recomendada para desenvolver princípios como responsabilidade, planejamento, consumidorismo sustentável e limites, como elenca o site do Governo do Rio de Janeiro. Porém, esse método é perigoso no que tange a possibilidade dos filhos se prenderem ao que os pais querem deles.
"Filho, eu não quero que você venha dormir no meu quarto. Se vier ou fizer xixi na cama de medo, descontarei da sua mesada no final do mês". Por mais que esse não seja o discurso reproduzido, ele carrega a mesma essência do que aquele pai fez em criar a lista.  É típico dos progenitores idealizar os filhos que querem. Muito antes do menino ou menina nascer, os pais fazem planos e criam expectativas em relação ao desempenho e futuro da sua prole.
Nesse sentido, tudo que se afasta do ideal é punido. A mesada entra nesse mecanismo educativo, ela não é ruim, mas o que fazem com ela pode chegar a ser. Certo seria se ela fosse implantada, desde que os beneficiados praticassem coisas boas que auxiliassem no desenvolvimento de suas habilidades pessoais. Reprimir a personalidade de uma criança não ajuda a ensinar um caráter virtuoso, pois não se compra compaixão, solidariedade e afeto com 25 centavos.
Por mais que seja importante, a mesada, se dada por pais relapsos que não acompanham os gastos dos pequenos, só ajuda a inserir a criança no universo do capitalismo desenfreado. Aquele que retira a experiência da brincadeira onde uma folha de laranjeira grande vale mais do que uma de limoeiro na compra do mês. Uma vez que a infância deveria ser a fase em que a vida segue sem as preocupações de um tempo consumista.
O que não fazer para ganhar 50 reais.
Alguns tópicos presentes na lista do casal geram controvérsias. Não é dever de um pai prezar pelo bem estar do filho? 
- Não colocar o cinto de segurança.
- Ir de madrugada para a cama dos pais.
- Pular no sofá/cadeiras.
- Comer na sala de lazer/TV.