Lucas, solteiro de 38 anos,
trabalha como analista de sistemas. Pedro, 52 anos, casado e pai de dois
filhos. Douglas, 22 anos, estudante de engenharia mecânica. Três homens. Duas
palavras. Um banheiro. Lucas, Pedro e Douglas (nomes fictícios) são
“dependentes sexuais” e recorrem ao banheiro público da Praça Osório para satisfazerem
sua “hipersexualidade”.
O sanitário masculino
funciona como um Dark Room – quarto
escuro, famosos em algumas boates como Pepper
e Cats – porém com a vantagem de ser
em um ambiente claro. O espaço conta com quatro mictórios e cinco cabines.
Os urinóis ficam preenchidos
por homens que fingem urinar. “A cabeça virada para o lado e inclinada para
baixo deixa a pista do que realmente aqueles caras querem.” explica Douglas. As
cabines permanecem a maior parte do tempo fechada, funcionando como “quatro
paredes”. De vez em quando, avista-se um homem nu a espera do próximo cliente.
Lucas afirma que alguns cobram pelos serviços, mas que a maioria vai lá por
prazer, diversão e sexo.
Num período de 30 minutos de
observação, cerca de trinta homens entraram no banheiro, chegando a formar
filas no recinto. A maioria dos frequentadores aparentava mais de 50 anos.
Porém Pedro denuncia “Tem muito menininho de 14 anos que vem aqui também, eles
sempre querem fazer alguma sacanagem, loucos por um oral”.
O desejo sexual excessivo em
questão é considerado no Código Internacional de Doenças publicado pela
Organização Mundial da Saúde. Os fetiches são apontados como maiores
responsáveis pela compulsão por sexo nesse caso específico. A necessidade de
frequentar sempre aquele lugar adquire um caráter narcotizante para os homens
entrevistados.
Os três afirmam manter a sua
vida normalmente. Eles levam o banheiro apenas como um refúgio sexual. Porém
toda essa atividade entra em conflito quando fere a integridade do papel real
do banheiro. Taís, vendedora da feirinha de Natal, reclamou que seu namorado
nunca mais teve coragem de voltar ao banheiro depois de ter presenciado os atos
recorrentes no sanitário.
O policial Antônio Luiz,
explicou que o posicionamento da coorporação é de agir em caso de denúncia de
constrangimento ou abuso sexual. Em qualquer uma dessas situações os acusados
sofrem um ato infracional.
Pedro enfrenta essa rotina
há 10 anos, Lucas há 4 e Douglas há 1. Porém nenhum deles se conhecem pelo
nome. Apenas pelo tamanho.