13 de dez. de 2012

O que importa é o SEXO



Lucas, solteiro de 38 anos, trabalha como analista de sistemas. Pedro, 52 anos, casado e pai de dois filhos. Douglas, 22 anos, estudante de engenharia mecânica. Três homens. Duas palavras. Um banheiro. Lucas, Pedro e Douglas (nomes fictícios) são “dependentes sexuais” e recorrem ao banheiro público da Praça Osório para satisfazerem sua “hipersexualidade”.
O sanitário masculino funciona como um Dark Room – quarto escuro, famosos em algumas boates como Pepper e Cats – porém com a vantagem de ser em um ambiente claro. O espaço conta com quatro mictórios e cinco cabines.
Os urinóis ficam preenchidos por homens que fingem urinar. “A cabeça virada para o lado e inclinada para baixo deixa a pista do que realmente aqueles caras querem.” explica Douglas. As cabines permanecem a maior parte do tempo fechada, funcionando como “quatro paredes”. De vez em quando, avista-se um homem nu a espera do próximo cliente. Lucas afirma que alguns cobram pelos serviços, mas que a maioria vai lá por prazer, diversão e sexo.
Num período de 30 minutos de observação, cerca de trinta homens entraram no banheiro, chegando a formar filas no recinto. A maioria dos frequentadores aparentava mais de 50 anos. Porém Pedro denuncia “Tem muito menininho de 14 anos que vem aqui também, eles sempre querem fazer alguma sacanagem, loucos por um oral”.
O desejo sexual excessivo em questão é considerado no Código Internacional de Doenças publicado pela Organização Mundial da Saúde. Os fetiches são apontados como maiores responsáveis pela compulsão por sexo nesse caso específico. A necessidade de frequentar sempre aquele lugar adquire um caráter narcotizante para os homens entrevistados.
Os três afirmam manter a sua vida normalmente. Eles levam o banheiro apenas como um refúgio sexual. Porém toda essa atividade entra em conflito quando fere a integridade do papel real do banheiro. Taís, vendedora da feirinha de Natal, reclamou que seu namorado nunca mais teve coragem de voltar ao banheiro depois de ter presenciado os atos recorrentes no sanitário.
O policial Antônio Luiz, explicou que o posicionamento da coorporação é de agir em caso de denúncia de constrangimento ou abuso sexual. Em qualquer uma dessas situações os acusados sofrem um ato infracional.
Pedro enfrenta essa rotina há 10 anos, Lucas há 4 e Douglas há 1. Porém nenhum deles se conhecem pelo nome. Apenas pelo tamanho. 

3 comentários:

Anônimo disse...

Adorei o texto, é de certa forma algo pouco tratado e meio delicado de se falar para muitos, mas você conseguiu tratar disso com louvor! Parabéns!

Lucas Panek disse...

Valeu, tentei abordar de uma forma suave. Mas passei por algumas coisas tensas para escrever esse texto. É um assunto que, realmente, precisa ser mais explorado.

Adalberto Oliveira disse...

Boa sorte ao explorar mais o assunto. Gostei muito. Não acredito que se trate de hipersexualidade ou qualquer outro distúrbio...e sim de falta de local público para a prática do sexo...se houvesse, o banheiro perderia esse ar de fetiche.
Aguardarei a continuação.